Cá estou eu no 3º andar do Edifício da Companhia Insular de Moinhos, tal como pensei é mesmo um estacionamento para automóveis, através das janelas gradeadas vê-se o mercado, um pouco mais à esquerda, podemos ver nitidamente o reflexo deste prédio no espelhado Edifício do Instituto de Emprego, a beleza da imagem e sobretudo das grades em todas as janelas impressionam-me, parece uma prisão, mas é bonito, ainda mais bonito por não ser uma prisão. Como as aparências iludem, conheço alguém que vive também num 3º andar, com duas frentes de grandes janelas e um patamar avançado com uma boa vista, nada que se pareça a uma prisão, mas ao Guilherme, lhe foi sentenciado três anos de prisão domiciliária.
O Guy como é conhecido, arranja mil estratégias para não sentir o tempo que teima em não passar, da janela do quarto imagina vivências dos transeuntes que vê ao longe, ou dos que se sentam nos bancos do jardim, de um outro recanto, inventa histórias inspiradas nos barcos do porto ali quase próximo. Mesmo assim, o dia é demasiado longo, e a noite tira-lhe o sono. Embora condicionado mas não totalmente privado das novas tecnologias, engana-se, mas mata o tempo. Engana-se na procura desesperada de ser entendido, procura amigos, com quem possa desabafar, mas, amigos procura-se...
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